29 novembro 2009

O ausente.

Não sei bem por onde começar, tanto tempo não nos vemos, perdi os seus primeiros fios brancos no cabelo, você perdeu a minha adolescência. Andei pensando na nossa relação, melhor dizendo, na falta dela, não sei por qual motivo você errou tanto, porque me deixou aqui sonhando com alguém que ocupasse o lugar que você não quis.
Acho que de repente me dei conta do vazio que você deixou, sinto sua falta, me culpo tanto por isso. Tenho tudo que alguém iria querer ter e pra ser sincera, não tenho o menor motivo pra lembrar de sua existência mas eu lembro. Não consigo dizer que te amo, mas também não consigo te odiar.
Andou ventando muito aqui e a noite minha mãe veio me cobrir, fiquei pensando se você tem alguém que te cubra nos dias de frio, então, se você não tiver, pode se lembrar de mim, eu tenho tantas cobertas quentes que iriam te servir, tantos abraços não dados que iriam te esquentar. Só não demora muito, não temos a vida toda, seu lugar ainda está vago e devem existir outras pessoas sem quem as cobrir de noite. Acho que é só isso que tenho a dizer, então, se cuida e até mais, pai.

Camila Oaquim.

Silêncio.

Calados! quero ouvir o silêncio. Não quero gritos, não quero brigas, não quero falsidade e muito menos que não digam a verdade, silêncio, só quero silêncio.
Quero tempo pra pensar na vida, quero tempo pra viver a vida, quero ser viva tanto quanto ela pra poder não me sentir tão coadjuvante. Quero felicidades duradouras, quero abraços infinitos, quero declarações de amor, eu quero o amor, o silêncio.
Quero o silêncio pra ver quem é quem, fingir com palavras é fácil, quero ver quem vai além. Quero gestos, expressões, quero ver a tristeza no sorriso e a felicidade nas lágrimas, não quero ouvir, não diga, silêncio! Vamos sentir o momento.

Camila Oaquim.

26 novembro 2009

Você.

Meu bem, acho que nunca alguém me fez tão feliz quanto você me faz, sua amizade é uma das coisas mais preciosas que possuo, com você aprendi a sorrir mais e a não dar tanto valor aos problemas, e sim às soluções. É do seu lado que eu estaria agora se pudesse escolher e, se pudesse descrever o quanto eu gosto de você, juro, descreveria.
Já não vejo as minhas tardes sem você e é por isso que preciso lhe dizer, estou morrendo, só tenho uma cura, uma salvação, estou morrendo, tentei resistir mas acabei me entregando a situação, me entregando a incerteza do que possa vir a acontecer, mas preciso, eu preciso lhe dizer, amor, meu grande amor, estou morrendo de amor por você.

Camila Oaquim.

20 novembro 2009

1ª Pessoa do singular.

Eu, desconhecido
Eu, que aconteça o que acontecer estarei na sua vida,
Eu, a incerteza, a desconfiança,
Eu, que sou o futuro, guardião mudo de escudo e lança.

Eu, amor sincero,
Eu, confiança que igual não irás encontrar,
Eu, presente na ausência,
Eu, que sou amizade sincera, ao teu lado sempre vou estar.

Eu, romance inacabado,
Eu, saudade e mágoas um bocado,
Eu, que te abalo mesmo sem ter porque
Eu, amor não correspondido, correspondido talvez possa ser.

Eu, expressão do sentimento,
Eu, que sei que de mim sempre serás atento,
Eu, que vou da pureza a vaidade,
Eu, que sou poesia, sempre te direi a verdade.

Camila Oaquim.

18 novembro 2009

Adolescência.

Dia após dia, ano após ano,
Vida de ilusão, vida de engano.
Procurei a certeza, a autonomia
Entendi que saber, sabia, só não podia.

Sonhos de luz, de liberdade
Doce ilusão, ah se fosse verdade,
Adquiri-se rugas, não confiança,
Eis que cresce o sonho de vingança.

A música, refugio amado
O sonho a ser alcançado
A vida a ser vivida,
O silêncio a ser escutado.

Vida curiosa esta, admirável,
Consegue-se e vira coadjuvante, erra-se e é responsável,
Todos somos lindos, todos somos amáveis
Fazendo o que queremos todos parecem amigáveis.

Ventos frios negam,
E na frieza destes, corpos se esfregam.
Quanto mais frio, menos calor há
Quanto mais gente unida,
Mais se barra o vento a passar.

Se não por bem, por mal,
Lindo mundo este de nota fiscal,
Obedece criança a hierarquia cotidiana,
o mais velho pode, o mais velho manda.

Camila Oaquim.

12 novembro 2009

Vem que tem.

Se a união faz a força, vem que somos unidos, vem que somos fortes. A cara dada a tapa que por muito tempo apanhou não há mais de apanhar, as lágrimas que antes por tristeza, agora derramaram-se por felicidade, felicidade esta indescritível.
Ganhamos, ganhamos confiança, respeito, ganhamos força pra não desistir e coragem pra prosseguir. Gritamos, sim, gritamos até perder a voz, o calor que antes nos afetava agora já nem era lembrado, nos abraçamos, abraço forte, duradouro. Pulamos até perder o fôlego, e entre lágrimas e risos só ouvia-se “o grêmio somos nós, nossa força nossa voz”.
O grêmio é nosso, é de todos. Nós temos voz, o que diferencia uns dos outros é o uso dela, gritem, façam barulho, mostrem que vocês estão aqui, não desistam dos seus ideais nem achem que os outros devem correr atrás destes por você. Vem, vem que a vida é roda viva, vem que ainda há muito pra gritar, vem que juntos teremos tudo aquilo que se procurado, pode-se alcançar.

Camila Oaquim.

11 novembro 2009

Roda Viva.

Reflexo meu em seus olhos, lembrança minha em sua mente, corpo e alma minha em seu coração. De tão apertado o abraço sentiam-se as batidas dos corações que, se antes rápidos, agora aceleravam estupidamente. Olhamo-nos, não um olhar qualquer, olhar que despia, que possuía, que mostrava o quão quente a carne estava esperando saciar-se com a outra. As luzes apagaram-se, confesso, pensei em tudo e em nada, quis mais, saciei-me.
Dia perfeito, noite inesquecível. Aquela presença fazia-me radiante, do silêncio surgiu a frase: “ você ainda vai me amar amanhã?”, pensei em rir, onde já se viu tamanha bobeira, pergunta descabida, resposta óbvia. Dormimos, esperei que o dia amanhecesse só para poder acordá-la e dizer que o dia seguinte havia chegado e que eu ainda a amava tanto quanto ontem, tanto quanto havia de amar amanha, depois e depois.
Não são todos os amores que são eternos assim como o dela não foi, de fato o eterno sempre acaba, mas existem coisas que são duradouras, assim como as lembranças que se entranham em nós e nos fazem sentir saudade. Mas a superação é virtude nossa, e desta esbanjamos com freqüência, amei outras, olhei outras, despi outras, e outras luzes se apagaram assim como ainda hão de apagar, porque a vida é roda viva e enquanto viva continuar sempre há de rodar. A nós o que resta é viver já que a morte é ingrata. Esperando o eterno continuo, e dos eternos que acabaram levo boas saudades.

Camila Oaquim.