14 janeiro 2010

A Dúvida

Ela não se cansava de me fazer perguntas absurdamente assustadoras, eu por minha vez, não me cansava de manter o silêncio com medo de dar as reais respostas que, sem hipocrisia, de tão sinceras se fariam mais assustadoras que as perguntas.
A insistência, acho que era o forte dela. Me pergunto porque tanto querer ouvir de minha boca algo que está praticamente em um letreiro na minha testa. Pensei em fazer um outdoor bem em frente a janela do quarto dela e mandar escrever tudo aquilo que ela cismava em não perceber, mas pensei melhor e, não, não queria ser a culpa de uma parada cardíaca.
Então continuamos assim, ela fingindo que não sabia enquanto não me escuta falar claramente aquilo que, realmente, não ia falar e eu, fingindo que não estava ouvindo as perguntas que não queria e não ia responder.
É a vida, é tudo assim mesmo. Existem coisas que são feitas não para serem lidas e sim para ficar nas entrelinhas e serem entendidas. De mesma forma, podemos entender e não falar. E essa é a graça da vida, a dúvida do curioso.

Camila Oaquim.

3 comentários:

Joyce Marques disse...

A essência são as entrelinhas, que poucos entendem, ou só aqueles que tem sensibilidade de nos conhecer.
De maneira eloquente vcê disse aquilo que todos ignoramos saber, teu blog é show! õ/

Anônimo disse...

Seu lir....
E esse texto eh de _ _ _ _ _
Mas vlw o desabafo...

Isabela Moraes disse...

Maravilhoso.
É isso mesmo, muitas vezes o importante não é o que dizemos, mas o que deixamos sub entendido.
Bj

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