26 maio 2010

Constelações

Sei que já está ficando tarde
E talvez seja um pouco cedo pra dizer,
Não sei o que pode acontecer
Mas não irei ser covarde.

Acho que preciso de você
Do seu sorriso e do seu abraço
Sinto falta de cada traço
E cada gesto, já deu pra perceber?

Faria o inimaginável e o impossível
Pra ter você aqui comigo, agora
Daria qualquer coisa pra você não ir embora
Você sabe disso não é? é tão visível.

Acho que é algo ligado às estações
Talvez ao tempo, às estrelas...
Aos seus olhos que brilham mais que constelações.

Acho que é algo sem por quê
Talvez coincidência, talvez sorte
Ou algo com o fato de ser impossível não amar você.

Camila Oaquim.

15 maio 2010

O Tempo

Na silhueta do seu corpo frente ao Sol foi onde descobri os traços, ainda que abstratos, de quem fez dos meus lábios espelho de alegria. Seus olhos diziam-me sim, minha boca sorria sem mesmo eu perceber, sua mão acariciou meu rosto e então o mundo parou. Você falou comigo algo que não sei, não lembro, só consegui prestar atenção em sua voz, foi aí que o mundo voltou a rodar rápido, muito rápido, então tive a certeza de que estar com você vai além de todo o tempo, tempo que se torna indiferente pra mim quando você está aqui.

Camila Oaquim.

12 maio 2010

2ª Pessoa do Singular

És manhã calma e quente que vem de mansinho acordando com doces afagos o rosto, iluminando-o. És calma e decidida, dona de um tom de voz que me faz achar impossível a pronúncia do ‘não’. Dúvida que se esfarela, medo que se dissolve, és céu e chão fazendo-me querer crescer e seguir. O pensamento, a ideia, a ansiedade, a saudade, a presença. És o ‘eu te amo’ tão esperado por um ouvido atento de um corpo estremecido por sua presença. O amor em mim, meu amor, és minha alegria. Eu, sua.

Camila Oaquim.

05 maio 2010

O Mar

Pulei sem fechar os olhos, mantive a direção guiada pelos olhos atentos que não miravam nada além de você. Onda sobre onda, braçada após braçada, inúmeras vezes reafirmando o quão repetitiva era a minha meta. Veio a onda mais forte então prendi o ar e mergulhei, ergui-me ao máximo e segurei sua mão. De tanto te puxar pra vida esqueci-me debaixo d’água, sempre foi meu mal tomar decisões erradas. Agora vejo você caminhar pela areia enquanto as ondas tentam me prender, não me arrependo nem me julgo errada, o momento em que tive você em meus braços rumo à superfície valeu meu sacrifício. Talvez me falte o ar, quem sabe eu vá ficar algum tempo submersa... mas está tudo bem, meu bem, eu ainda sei nadar (eu acho).

Camila Oaquim.

03 maio 2010

A Mente

Quatro paredes, sem janela e com uma única porta, fechada. Teto branco, chão branco, vida branca e monótona, sem cor, sem vida. Poderia gritar feito doida agora, chorar e debater-me, mas não adiantaria, ninguém iria ouvir. Silêncio total, ausência total, inclusive a minha encontrada em meu corpo material, é isso, estou ausente de mim mesma. Desde que você se foi é assim, tudo um quarto branco, frio, vazio, cuja porta está encostada mas não tenho coragem de abrir, de sair. Falta-me coragem pra esquecer as minhas lembranças tão queridas ali dentro e deixar você ir embora de mim, falta-me coragem de caminhar para um mundo cheio de vida e cores que não contenha você. Estou assim, presa em mim buscando você. Digo-me repetidamente que só por hoje vou me manter imóvel, que só por hoje vou esperar você lembrar de mim, mas logo terei forças, logo terei coragem de dizer “porta, querida porta, aí vou eu!”.

Camila Oaquim.

01 maio 2010

A Amiga

Tenho-te aos braços
minha mulher-amiga
para poupar a fadiga
de ter em menos laços.

São verdades os enganos
És mais amiga-mulher,
Calado, farei o que der
não mentirei sobre panos.

O alívio aos poucos virá
Posso até perder ambas
Estou à mira de lanças
Mas sei a decisão à tomar.

No futuro não tão distante
Verás o quão certo fui
E talvez o afeto que diminui
Cresça de modo inconstante.

Tenho-te ao peito
Minha amiga-mulher,
Tenha-me onde puder
Que o possível será feito.

Camila Oaquim.

Dedicado ao João.