12 agosto 2010

Severino

Lá está a vela sobre a mesa e junto a ela, ele, velando aquela imensidão de ausência. Casa cheia e prato vazio, costume da família que de concreto só tinha o não ter. Em proporção inversa à esperança vinha a pobreza claramente imposta pela matemática sempre de resto zero. Ele corria contra o tempo enquanto a família se deixava levar, a pressa de viver agora tinha a calma que as pessoas ganham ao ter uma subvida. Às vezes é melhor desistir, talvez nesse caso fosse mas ele não desiste. Prometeu junto ao filho caçula em leito de morte, enquanto este perguntava sobre a existência de comida no céu, que não iria desistir de oferecer a tal abundância de alimento aos demais filhos que naquele momento sofriam tanto junto a ele. Desde então, de Sol à Sol lá está ele trabalhando sem parar, suas rugas sofridas, seu andar cansado e seus calos na mão evidenciam seu esgotamento físico, mas nem por isso ele pára. É esse o mundo em que vivemos, onde quem mais precisa não consegue ter, aonde se trabalha mais do que pode e ainda assim o prato vazio se mantém. Seu conforto é em ultima das hipóteses, ter certeza de que depois de tanto sofrimento, ao chegar no céu ele não passará fome junto ao seu filho. À sua mulher. A Deus.

Camila Oaquim.

4 comentários:

Viiviih M. disse...

O mundo é um lugar tão injusto,poucos com muito e muitos com pouco.
Lindo e emocionante o texto.
Amei o blog,seguindo...
segue?
http://viiviihmdiario.blogspot.com/
Beijoos ;*

Brruuu disse...

BEEEELO texto,belo!

Aliás,belo também é teu blog.Te seguirei =)

Chazzy Chazz disse...

Quando eu vou conseguir escrever q nem vc!??!
Me ensina a brincar com as letras Camila

Chazzy Chazz disse...

detalhe.... LINDAAO, não é pessimista é apenas realista

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