15 setembro 2010

Desabafo

De tão rotineiro o olhar não brilha mais tanto quanto antes pelas mesmas coisas, por outro lado os sorrisos, tantos, sempre, continuam sem as vezes nem ter motivo. Não me lembro como era antes, acho que não era, não sei. Não imagino como vou ser depois, vou ser e pronto. Só quem chega até aqui sabe quanto peso carregou no ombro, quantos medos, quantas obrigações e quantos livros um soldado da ciência precisa. Curiosamente se eu olhar pra trás a maioria dos momentos marcantes tiveram um só lugar e foi nesse lugar que aprendi que as diferenças existem e que podemos e devemos conviver e saber lidar com elas, lá foi onde aprendi o que é ter amigos e que também nem todos que se dizem amigos são.
Doze anos, a maior parte da minha vida carregando o emblema preso ao bolso estrategicamente localizado no lado esquerdo da blusa, talvez seja um sinal ao estudante ou um aviso do tipo "olha, você vai carregar meu símbolo sobre o peito agora pra depois me carregar no coração pra sempre". Chega a ser engraçado andar pela rua indo ou voltando do colégio e passar por algum ex-aluno porque sempre, sempre param você ou então gritam alguma parte do hino ou da tabuada, acho que tenho medo de ficar assim, alguma ex-aluna fanatica pelo colégio, pelo uniforme, pelo que era sem poder ter tudo de novo, gritando ao mundo o meu passado como se fosse fazer muita diferença a ele.
"Ao Pedro II tudo ou nada?" Tudo, meu tudo! Agora que está acabando não sei o que fazer, sempre quis chegar aonde estou, sempre quis essas tão esperadas três estrelas no peito e o alívio de não faltarem muitas notas pra ficar nervosa, mas não quero, não é como eu sempre achei. Não adianta chorar, espernear, gritar ou pedir de volta, isso é o mais angustiante, chegar ao fim de algo que parecia ser pra sempre. Mas vai dizer ao coração pra não ficar triste, pras mãos não pararem na cabeça e pros olhos não se afogarem em lágrimas, vai, tenta dizer pra tristeza ir embora e vê se adianta... enquanto isso, é assim que fico, tentando me conformar, incorformável, tentando arrumar um jeito de aceitar deixar de ser o que sempre fui, guardando na memória o que não posso carregar nas mãos, meu grande amor, meu colégio, meu Pedro II.

Camila Oaquim.

3 comentários:

Chazzy Chazz disse...

Me sinto assim, me sinto parte daqueles prédios, parte daquelas portas e janelas capengas, parte do complexo lugar multi variado que é o CPII, e olha q eu n to nem perto das tão sonhadas três estrelas no peito, minha segunda casa, minha segunda familia, meu eu.
:') Será eterno

Ana Lima disse...

Concordo com os dois, como você falou a história que vive no colégio acabava misturando-se com a sua própia, aquela que fez você ser como é, agir com age, pensar como pensa.
É tão gostoso chegar de manhã e sentir-se em casa, confortável apesar de tudo.
É na hora da saída, fica até mais de tarde conversando e com preguiça de ir embora, para mim muitas vezes o colégio foi confundido com a minha casa. Mais que um emblema, uma identidade!

Camilla Andrade disse...

Cara, falou tudo, tentar dizer pro coração que o cpII foi só uma fase é triste, não existe lógica, e o pior de tudo, não ter mais minhas estrelas no peito, é como me arrancar parte do corpo já, é muito estranho, é muito amor em um lugar só, o Pedro II sempre será TUDO! É dificil saber que agora só restarão as lembranças e o orgulho de ter feito parte da melhor instituição de ensino do Brasil! (pra mim a melhor do MUNDO!) beijos, amei mt o post, falou do momento das nossas vidas!

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