20 março 2011

Projetando importâncias

É constituída pelas grandes escolhas aos mínimos detalhes essa projeção a qual denominamos futuro. As pessoas se preocupam em projetos grandes, em realizações de sonhos e em lutas desesperadas e desfreadas àquilo cujo merecimento, reconhecimento e remuneração serão satisfatórias. Ando perguntando-me –satisfatórias à quem?
Quanto mais criticamos a desigualdade do capitalismo, a crueldade e impunidade do mesmo, mais fortalecemos a ele. Satisfazemo-nos em nos gabar por aquisições, por cargos, pelo dinheiro que ganhamos. Colocamos isso como meta e base de tudo, colocamos tanto e tão discretamente essa posição vencedora à nossa luxuria que se pararmos pra pensar desde quando isso é nossa meta não saberemos.
Vem da criação –talvez- ou quem sabe dos primórdios da nossa sociedade aonde dinheiro é sinônimo de felicidade. E como de costume pais ausentes para manter suas famílias em boa condição financeira usam como boa e velha desculpa o “se não estou sempre aqui é para manter todos nós”, agora mães engajadas ao trabalho e à melhor perspectiva de vida tanto como a luta pela igualdade dos sexos também se encontram ausentes àquilo que chamamos família.
A questão em si não é a crítica ao capitalismo ou às pessoas querendo ganhar dinheiro, essa crítica, meus caros, vai àqueles que esquecem que o “hoje” ainda existe, assim como a família e as pessoas a quem amamos. Sim, devemos visar um futuro cujo dinheiro não falte, aonde possamos esbanjar conquistas e outras dessas coisas que hoje valem mais do que quem somos – e aí entra outra questão já que, pelo menos pra mim, quem somos não se resume àquilo que temos- mas não podemos esquecer que perder o presente visando um futuro não é algo que deva ser nossa meta exclusiva já que ninguém tem a certeza de que amanhã vá chegar.
Na vida, creio eu, temos tempo pra tudo. Essa história de correr contra o tempo é balela daqueles que tem medo de não ter tempo pra viver tudo o que querem sem perceber que estão perdendo o tempo todo correndo sem alcançar. E nessa de correr, acaba-se idealizando tanto o que se quer que por bobeiras, que só enxergadas depois, as pessoas perdem o que mais pode importar futuramente. Alguns dizem que é possível ser feliz sozinho, já eu –pode até ser infantilidade- prefiro trilhar o caminho mais longo acompanhada do que correr sozinha e depois só ter a lembrança de pessoas que passaram por mim.
Os detalhes da escolha estão justamente em como fazemos pra realiza-las. Satisfazer aos outros não é algo que me faça sempre feliz. Ser feliz, isso sim é prioridade. Prefiro a presença do que a quantidade, o abraço apertado e a conversa boba no lugar do nome ou do salário. É tudo questão de tempo, sim, tempo para as prioridades, tempo para satisfazer a alguém ou a nós mesmos sem deixarmos de lembrar o que realmente é importante. São detalhes, meu caro, são só detalhes. E então, qual a sua prioridade?

Camila Oaquim

1 comentários:

Chazzy Chazz disse...

Sentimento ou doces ilusões criadas pelo fantástico mundo do material?
Sensacional post.
É muito bonito o modo como vc escolhe as palavras, ou seja lá o que faz pra transformá-las em frases.
Adoro palavras transformadas em poesias por vc. Lindo texto

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