João gostava de mulheres cultas, não tão magras mas jamais com peso em excesso. O linguajar cotidiano da maioria de outro nível social que não o dele ou daquele que, para ele, se classificava como superior lhe causara sempre uma repulsa contida.
Por infinitas vezes teve casos com mulheres que julgara ser seu tipo. Pobre João, seu relacionamento mais longo, se é que se pode denominar aquilo relacionamento, foi de pouco mais de quatro meses.
Não se pode dizer que por isso João passou a ser uma pessoa desacreditada. Cabreiro, sim. Sua lista de exigências para a possibilidade de um futuro flerte cada vez se prolongava mais nas linhas de seu caderno de críticas imaginário.
Seus amigos que, se não casados já se encontravam a poucos passos disso, indagavam-lhe o por quê de tantas precauções. João não sabia responder, também não mudava, sempre achou arriscado demais dar a cara a tapa assim. Se com tantas exigências teve seus quatro meses tão sofridos, que diacho de vida levaria se abrisse a guarda para alguém com padrões que não os esperados por ele. O que João não sabia é que o acerto às vezes vem de sucessões de erros.
Alguns dias podem não ser como esperávamos, mas aquele dia para João a cada minuto se tornava pior. Após baterem em seu carro no meio de um trânsito infernal e ter de esperar horas até conseguir resolver tudo, finalmente pôde voltar pra casa de metrô.
Duas coisas que detestava, uma ainda mais que a outra. Seu carro e seu emprego lhe eram sagrados, assim como suas exigências rebuscadas quando tratava-se de mulheres.
Mas foi assim, no meio de uma estação lotada a espera de um metrô que, por contraditória sorte, encontrava-se com o ar condicionado quebrado, que João conheceu Ana. Não alta mas não tão baixa, um pouco acima do peso e sem nenhum dos atrativos que chamariam a atenção dele. E por mais contraditório ainda que seja, foi assim que uma mulher pela primeira vez desde seu grande fracasso pessoal relacionado ao amor fez João se ver realmente interessado em alguém.
Vai João, não se afobe! Não há regra no mundo que nos restrinja a felicidade por esteriótipos ou linguajar. Vai, João! Que as cultas talvez já saibam demais para ter que aprender a lhe amar.
Camila Oaquim
16 maio 2014
06 maio 2014
Rapaz
Queres mas não buscas,
Choras e estagna
O que houve, rapaz?
Não sufoques a menina!
Há pranto excessivo
Mil palavras sem motivo
Há juras descabidas
Para verdades tão sentidas
Há raiva desmedida
Mil medos sufocados
Será que nao percebes, rapaz
Que ela também sofre um bocado?
Pois queres mas não mudas
Impõe-se pessimista
Ela queria, mas não pode
Dizer que não desista!
Camila Oaquim
Choras e estagna
O que houve, rapaz?
Não sufoques a menina!
Há pranto excessivo
Mil palavras sem motivo
Há juras descabidas
Para verdades tão sentidas
Há raiva desmedida
Mil medos sufocados
Será que nao percebes, rapaz
Que ela também sofre um bocado?
Pois queres mas não mudas
Impõe-se pessimista
Ela queria, mas não pode
Dizer que não desista!
Camila Oaquim
07 janeiro 2014
Ver-te, verde
Talvez eu goste do seu jeito manso
de invadir a minha vida de repente.
Minha saudade, esvaindo aos poucos.
tornou-se certeza do riso frouxo seu.
Quem sabe assim, na minha camisa sua
e no seu colo meu, não deva ser?
Tornando da afeição ao meu passado errado
um esquecimento nessa verde imensidão
das vestes e dos olhos seus, tão meus!
Camila Oaquim
de invadir a minha vida de repente.
Minha saudade, esvaindo aos poucos.
tornou-se certeza do riso frouxo seu.
Quem sabe assim, na minha camisa sua
e no seu colo meu, não deva ser?
Tornando da afeição ao meu passado errado
um esquecimento nessa verde imensidão
das vestes e dos olhos seus, tão meus!
Camila Oaquim
02 novembro 2013
Memórias Póstumas
Amor que é de verdade não acaba, pequena. Vira fumaça instalada no pulmão ou pensamento esquecido no porão da memória. Se torna roupa fora de moda que insistimos em guardar na gaveta. Sim, meu bem, não há motivo para forçar algo que não é pra ser, mas num doce e profundo lugar no meu peito ainda guardo você.
Camila Oaquim
Camila Oaquim
22 abril 2013
Contínua
Ah, desvia que eu me enrosco
qual foi, qual é, minha menina!?
Padeço e tu esquivas...
eu tropeço, fazes graça.
Cai de rir da minha desgraça.
qual foi, qual é, minha menina!?
Padeço e tu esquivas...
eu tropeço, fazes graça.
Cai de rir da minha desgraça.
Ah, eu não quero mais.
Já me acostumei em ser assim,
ver-te enroscar a outros
meninos, rapazes, moços
fazendo o esboço da cicatriz em mim.
Já me acostumei em ser assim,
ver-te enroscar a outros
meninos, rapazes, moços
fazendo o esboço da cicatriz em mim.
Se achas graça, se fazes piada
enquanto esqueço os olhos em ti,
hei de fazer o que, meu bem?
Rio em lágrimas, chove... chove...
inundando cada detalhe teu aqui.
enquanto esqueço os olhos em ti,
hei de fazer o que, meu bem?
Rio em lágrimas, chove... chove...
inundando cada detalhe teu aqui.
Mordes que eu assopro,
Assopras que me cubro de vontade
de satisfazer essa vaidade
tão distante do teu negado sim...
sim, corres por fora e por dentro de mim.
Assopras que me cubro de vontade
de satisfazer essa vaidade
tão distante do teu negado sim...
sim, corres por fora e por dentro de mim.
Camila Oaquim
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