29 setembro 2010

A Amizade

Ao longo de muitos meses foi construída a casa. Tijolo, cimento, tudo do mais resistente e melhor pra que nada desse errado. Tudo tão lindo, tão planejado, os quartos e sala, a cozinha e os banheiros, o quintal pras conversas e a varando com uma linda paisagem. Era tudo que alguém iria querer, ver aquela casa trazia paz pra qualquer alma viva e não era só pela construção, era pela riqueza de cada detalhe escolhido com tanto carinho. Pena que o erro faz parte de todos, mesmo construída com tanto cuidado, esqueceram-se de que pra se manter em pé a casa precisava de bons alicerces, olharam tanto pra cima visualizando em mente o que queriam que esqueceram de olhar o chão. Dia a dia a casa foi se misturando ao solo e as paredes ficando úmidas, todo o brilho da paz de antes foi tornando-se fosco agora e todos os sorrisos de antes se tornando bocas, só. Foi assim, quem sabe não tenha sido melhor... talvez a próxima casa não seja tão bem planejada, tão grande ou com tantos detalhes, mas se o chão for firme dará tudo certo, acredito que dará.

Camila Oaquim

26 setembro 2010

Conclusão de um eu

No embaralhar da visão o quebra-cabeça se montou,
no tropeço das pernas o corpo caiu, a mão apoiou,
o corpo ergueu-se e a mente, essa continuou no chão.

Camila Oaquim.

18 setembro 2010

À sua espera...

Proporcionalmente aos dias o que sinto cresce, não é difícil ser assim.
Não é nada incomum ou sobrenatural.
Simplesmente você se plantou, criou raíz e dia a dia brota em mim.
Floresça então, que se depender do meu amor será sempre primavera,
que no meu peito não há frio nem mal,
me abraça e fica, que meus braços abertos estiveram à sua espera.

Camila Oaquim.

17 setembro 2010

Na.. Na.. Não.

O motivo de tudo isso só existe em mim, meus sentimentos mais profundos e minhas bobeiras mais superficiais. Não, é tão bobo que vai ser só meu. Sabe quando você imagina algo que não vai acontecer e pronto, você pensa "meu Deus, e se acontecer..." e tudo pára, tudo munda, mas só pra você? O bom de não ser totalmente infantil é guardar as infantilidades consigo, vou guardar e amanhã vou esquecer, vai passar e depois vou crescer. É assim, assim que vai ser.

Camila Oaquim.

15 setembro 2010

Desabafo

De tão rotineiro o olhar não brilha mais tanto quanto antes pelas mesmas coisas, por outro lado os sorrisos, tantos, sempre, continuam sem as vezes nem ter motivo. Não me lembro como era antes, acho que não era, não sei. Não imagino como vou ser depois, vou ser e pronto. Só quem chega até aqui sabe quanto peso carregou no ombro, quantos medos, quantas obrigações e quantos livros um soldado da ciência precisa. Curiosamente se eu olhar pra trás a maioria dos momentos marcantes tiveram um só lugar e foi nesse lugar que aprendi que as diferenças existem e que podemos e devemos conviver e saber lidar com elas, lá foi onde aprendi o que é ter amigos e que também nem todos que se dizem amigos são.
Doze anos, a maior parte da minha vida carregando o emblema preso ao bolso estrategicamente localizado no lado esquerdo da blusa, talvez seja um sinal ao estudante ou um aviso do tipo "olha, você vai carregar meu símbolo sobre o peito agora pra depois me carregar no coração pra sempre". Chega a ser engraçado andar pela rua indo ou voltando do colégio e passar por algum ex-aluno porque sempre, sempre param você ou então gritam alguma parte do hino ou da tabuada, acho que tenho medo de ficar assim, alguma ex-aluna fanatica pelo colégio, pelo uniforme, pelo que era sem poder ter tudo de novo, gritando ao mundo o meu passado como se fosse fazer muita diferença a ele.
"Ao Pedro II tudo ou nada?" Tudo, meu tudo! Agora que está acabando não sei o que fazer, sempre quis chegar aonde estou, sempre quis essas tão esperadas três estrelas no peito e o alívio de não faltarem muitas notas pra ficar nervosa, mas não quero, não é como eu sempre achei. Não adianta chorar, espernear, gritar ou pedir de volta, isso é o mais angustiante, chegar ao fim de algo que parecia ser pra sempre. Mas vai dizer ao coração pra não ficar triste, pras mãos não pararem na cabeça e pros olhos não se afogarem em lágrimas, vai, tenta dizer pra tristeza ir embora e vê se adianta... enquanto isso, é assim que fico, tentando me conformar, incorformável, tentando arrumar um jeito de aceitar deixar de ser o que sempre fui, guardando na memória o que não posso carregar nas mãos, meu grande amor, meu colégio, meu Pedro II.

Camila Oaquim.

13 setembro 2010

Sobrevivente do Tempo

Tinha feito planos que pretendia praticar nesta projeção de vida que chamamos de amanhã. Pus minhas mãos sobre a cama e minha cabeça sobre elas, pensei. Talvez fosse melhor de alguma outra maneira, talvez sem pensar, talvez depois, quem sabe. Só sei que do jeito que foi acabei resolvendo não ser, fui. Indo, sendo, planejando tudo aquilo que fiz diferente. Com estes planos não feitos adquiri algumas muitas conclusões, dentre estas a de que talvez as mais importantes não pude ter. Outrora defini a magia das coisas como elas sendo do jeito que eu queria, hoje sei que o brilho dos olhos e os sorrisos mais sinceros são justamente os da surpresa causados pela ousadia do tempo em nos fazer alheios ao que não é de todo nosso. Agora se me perguntarem o que quero, não sei. O que espero, nada. O amanhã, não existe. Mas se perguntarem o que importa, ah... o que importa, o amor! De todos e de tudo é o que menos criei expectativas e o que mais me trouxe alegrias, talvez por somente nele me sentir mais passageiro do que guia. Não tenho rumo, não sei por onde ele vai, tanto faz. O que importa é o agora e eu estou com pressa, pressa de amar e de viver cada segundo antes que ele se torne um projeto deixado de lado escrito em alguma folha a lápis, borrada pelo tempo e pela minha memória.

Camila Oaquim.

12 setembro 2010

A Prova

Como queria voltar no tempo, trocar o pensamento, reforçar a ideia. Esta mágoa que agora queima logo se tornará cicatriz tão insignificante que olharei sem nem lembrar o quanto doeu, passando despercebida a todos como se sempre fizesse parte de mim. Ainda assim, queria apagar este agora tão borrado, erguer a cabeça que já devia manter esta postura sublime desde muito tempo e não me abalar por tão pouco ou me mostrar frágil diante à tropeços pelo caminho, mas não há borracha pra vida, nem máquina pro tempo. Daqui em diante meus olhos vão alçar vôo pra localizar futuras metas a serem alcançadas, até lá terei tempo e poderei trocar alguns pensamentos, quem sabe lá, bem mais pra frente, eu acerte.

Camila Oaquim.