22 junho 2010

Pensamentos

Às vezes paro e fico observando o tempo passar e percebo que, ao mesmo tempo em que é frustrante, é encantadora essa audácia de se fazer indiferente a nós, de passar do jeito que quer, de nos impor, de nos domar. Mas se não fosse o tempo a me ajudar, a se arrastar pelos longos segundos em que desfrutei de sua presença, certamente hoje eu não seria quem sou, não aprenderia a viver dessa maneira tão nossa que você ensinou. Velei a vela se apagando, a rosa murchando, a vida descolorindo. Vi o Sol ir embora, o sorriso se esconder e a razão de tudo desaparecer. Então você apareceu, e com um afago no rosto me mostrou o que nem com mil palavras conseguiria dizer. É, aprendi com você, e só com você, que a graça de tudo está nas coisas mais simples, as que todo dia tenho com você. Aprendi a perder as palavras quando escuto sua voz, e que nessas horas olhar você nos olhos parece dar razão a tudo na vida, aprendi que nos seus braços me sinto segura e que ouvir palavras doces vindas de você faz meu coração duvidar entre parar ou acelerar. Só não aprendi a controlar a saudade, o desejo, o amor. Por isso meus pensamentos vivem em você, por isso desejo sua presença a cada instante que não sinto você aqui, por isso, só por isso que não consigo descrever o quão grande é o amor que sinto mas, acredite, é maior do que você pode imaginar.

Camila Oaquim.

18 junho 2010

Relógio

Ajustes devidamente feitos, os ponteiros do relógio agora seguem o seu rumo, sem início nem fim. Cada segunda a mais dele é um a menos meu, tenho consciência disto. Cobro-me paciência, esperança, passos firmes. Contabilizo não o que resta, mas o que foi e, caso amanha não chegue, sei que vivi ontem de jeito único e com certeza de cada detalhe. Posto que a vida é finita, findo por aceitar o fim reafirmando ainda assim que a beleza está no durante e não no depois. Deixemos o depois para depois que o agora é breve. Dê-me seus abraços e sorriso mais lindo, suas palavras ou até mesmo o silêncio, mas rápido, antes que o relógio me vença.

Camila Oaquim.

16 junho 2010

Tentativas

É óbvio e simples, tão simples que nem me preocupo em tentar dizer.
O que penso, penso e só. O que sinto, sinto e só.
Sinto e penso... não digo porque palavras se perdem no ar,
Embaralham-se nos ouvidos e se esquecem na memória.
Mas atos dizem muito, deles que me aproveito.
Se por acaso seus atos me paralisam, paro e só. Quer expressão maior?
Não há ninguém que me paralise, não há ninguém que me roube as palavras
E que seja alvo de minhas atitudes assim como você.
Essas são as tentativas diárias de dizer o quanto amo você...
Não sei... já deu pra perceber?

Camila Oaquim.

14 junho 2010

Passado

A pior distância é a encontrada na proximidade, estou perto e tão distante de mim. Sinto-me no controle de algo incontrolável, de que adianta o corpo ser meu se não consigo controlar o acelerar do coração, o lacrimejar dos olhos, a gargalhada fora de hora? De que adianta a mente e os sentimentos serem meus se não consigo controlar a tristeza ou a felicidade e tampouco o amor? O amor. De que adianta dizer que este é meu se na verdade ele não passa de um jogo mal resolvido cujo vencedor nunca sou eu? Realmente, a pior distância é a da realidade e dos nossos ideais. Ideais, ideais ideias sonhos ilusões. Tudo se arrastando, dissolvendo-se, pouco a pouco ganhando vida própria, pouco a pouco me fazendo estar tão distante do que queria, do que era e do que vou ser.

Camila Oaquim.

11 junho 2010

Questionamento

Agora me diz, me diz se existe ser mais repugnante que o homem. Ser que ama e se entrega, que sente falta e se aconchega nos abraços mais apertados das pessoas mais esperadas e depois se deixa levar pelo tempo e se acostuma com a ausência. Não sei, não sei se tenho raiva da vida por ter como conseqüência a morte, ou do viver por fazer todos se acostumarem com o que, na verdade, seria inaceitável. Pior que chorar pela perda, pior que lamentar os erros e querer o passado de volta, é saber que no futuro, mesmo que não seja dito agora, todos se acostumarão com a falta de quem não está mais aqui. Não julgo, sei que é o normal de nós, mas é tão angustiante a tentativa de guardar alguém dentro de você dia a dia e aos poucos perceber que já não se lembra mais da voz nem o jeito de falar, dos abraços e das coisas preferidas. Complicado esse aterramento do tempo na memória, esse aterramento da memória nos sentimentos, complicada a ausência aterrando a presença do que existe em nós, do que existia em nós, do que era pra existir.

Camila Oaquim.

10 junho 2010

Borboleta

Perguntei-me por alguns longos minutos ao te ver por aí como podia uma borboleta ter tanta desenvoltura para voar sem jamais ter tido tempo para se aprimorar nisso antes. Tu foste borboleta mais bela e, de tão bela, fez-me esquecer das condições mais importantes para se ser. O Sol chamativo como sempre, parecia reluzir só para te iluminar e o vento quando vinha a favor, parecia tomar o sentido só pra te facilitar o vôo, quando contra, parecia escolher ser contrario só para poderes reafirmar a força de tuas asas tão imponentes que exteriorizavam todo o seu ser. É uma covardia que para se ser tenhamos a condição de algum dia não poder mais ser. É uma covardia com o ser borboleta poder ser tão pouco quem soube tão bem ser, covardia maior contigo que no tempo em que teve (mais pouco que o pouco oferecido) soube cativar tão carinhosos olhares, admiradores, sorrisos e amores de quem te viu, ainda que por acaso. O dia acabou e tu, borboleta, não estás mais aqui. Sei que isso iria acontecer, sei que essa hora iria chegar, mas agora borboleta, agora eu não sei lidar com isso. Talvez tenhas ido embora mais conformada com a ausência do teu segundo dia do que eu, mas não me conformei antes e não tenho motivos para agora me conformar. Vou sentir falta dos momentos em que mesmo não te vendo, tinha certeza de que estavas ali, aqui, em algum lugar. Sentirei falta de quando a beleza do teu corpo era bela e viva, pois de nada me adianta a beleza inanimada que me resta. Ah borboleta, voa por outros céus aí que aqui me conformarei (à força) com a tua ausência.

Camila Oaquim.

Para o Léo.

07 junho 2010

A Certeza.

Vem com calma, passo leve
E com braços abertos pra mim
Dou-te meu coração, se te serve
E se me chamares tão doce assim.

Espera mais um dia nascer
Trazendo o Sol que tanto esperaste
Enquanto observo florescer
A raiz tão forte que cultivaste.

Vem correndo, passo firme,
Rápido, com pressa de me ter.
Não esperarei que o amor confirme
Por si só o que deixei de dizer.

Não espera chegar o amanhã
Porque preciso de ti agora.
Só contigo, meu bem, me sinto sã
Chama-me, ama-me, explora.

Sem ti o tempo vai se arrastando
Sem razão, como se estivesse perdido
Sem te encontrar, só procurando.

Sem te ter sinto tamanha tristeza
Que nada consegue amenizar...
Amo-te intensamente e com toda certeza.

Camila Oaquim.

06 junho 2010

Querida...

Surgiram-me imagens em preto e branco depois do clarão, como se o passado quisesse vir à tona, como lembrança que angustia e devolve a certeza. Engraçados esses sentimentos que antes pareciam hibernar agora me rasgarem pedaço por pedaço do eu. Vi por tantas vezes as palavras embaralhadas, ouvi tantas vezes sua voz sussurrar cada uma delas e, não pude compreender. O preto e branco foi ficando fosco até que não vi mais nada, como se eu estivesse caindo, saindo de mim. Retornando ao corpo vi tudo embaçado e ouvi um estardalhaço, não soube destinguir bem se eram palmas, tiros ou soldados rumo à guerra, segui. Minha vida, minha guerra, minha vitória. O que antes ouvi sua voz mansa dizer faz todo sentido e seus braços, meu antigo refugio, agora me seriam grande amigo. Vejo cor, vejo vida, muita luz. Vejo você, vejo o caminho e como devo seguir. Com você, com seus braços e sua voz. Marchando sempre para frente, em busca da felicidade, sempre em frente, porque você está sempre adiantada.

Camila Oaquim.

05 junho 2010

Brinquedo

Faz de mim brinquedo, eu deixo
Prenda-me em suas mãos com seus abraços
Tire-me repetidas vezes do eixo
E adormeça comigo em seus braços.

Use sua voz doce pra falar mansinho
Brinque mais comigo, fique mais comigo
Tenha-me todo dia sem perder o carinho
Veja-me como mais que um grande amigo.

Carrega-me junto aonde for
Dê-me um nome, faça quem sou,
Cubra-me a noite, posso ser seu amor
Faça-me ter a sensação de que o mundo parou.

Perceba que não quero ser brinquedo e só
E tudo tão belo quando vejo o seu sorriso,
Tudo passa a ter um porque, uma causa maior...

Você não sabe, mas é minha maior paixão,
Peguei uma flecha de um grande amigo...
Pra ver se, algum dia desses, consigo seu coração.

Camila Oaquim.