30 junho 2011

Singular em Plural

Eu era nós, de laço forte e apertado, nós, de olhos abertos e braços dados.
Eu era aquilo que não se sabe, que não se decifra. Eu era tudo, tão pouco!
E eu me dei, emprestei, magoei. Eu sofri, calei, sorri.
Os nós afrouxavam, os nós se apertavam, a corda esgarçava e nós, lá, em nós.
E nós procurávamos, nós nos achamos, nos perdemos, e livres nos prendemos.
Na imensidão de opções a resposta era única, dentre nós só nós restavam.
E quem vai dizer que só restam males, ares ruins.
E quem vai dizer que ser preso não é opção, missão do sim.
Eu sou laço, não tão forte, não tão frouxo.
Mas sem preocupações, por favor. Caso ache que vou soltar, volta, voltamos, nós. Somos assim, só assim, e ninguém precisa saber diferenciar, ninguém além de nós,
porque em pessoa ou em amarras nos enquadramos e pronto, isso basta.
Eu sou aquilo que já sabemos, incógnita. Quase nada, tanto!

Camila Oaquim

26 junho 2011

Hoje

Acordei mais eu hoje, eu acho. Algum daqueles dias que você não se contenta com a parte que lhe cabe no latifúndio e quer mais, quer ir além. No meu caso, fui à mim. Que saudade! Não tinha percebido quanta falta fazia acordar e ver o Sol invadindo o quarto, entrando pela frecha do meu cobertor e iluminando a minha vida. Nem havia percebido o meu humor que dia após dia se esvaia e que, por não perceber, não tinha como recuperar.
Mas era uma pedra, só mais uma dessas que ficam no meio do caminho pra que tropecemos mil vezes até fazer do tropeço algo comum ao nosso andar. Era uma pedra que hoje sumiu. Não sei se pra sempre, se por um bom tempo ou só por alguns dias, tanto faz.
Projeções sobre o futuro, nosso eterno projeto, hoje não me cabem, não mesmo. Se eu tropeçar amanhã, paciência, oras. Hoje, só por hoje, não vou chorar nem lamentar, me preocupar ou temer. Hoje, só hoje meu tempo será quando. Até quando não for mais. Quando? Não sei. Quando!

Camila Oaquim