15 novembro 2011

Farpas com afeto

Careta, eu? Jamais! Não acredito mais em contos de fadas não! Essa coisa de príncipe salvando a princesa com um beijo é demais para mim. Como se um beijo que a fizesse acordar mudasse tudo, coitados! Acredito no poder da aliança no dedo, no poder da cumplicidade construída dia a dia, no poder do jogo de cintura para lidar com as diferenças, acredito no santo telefone celular que ajuda a todos com aquelas mensagens nos momentos de distância, e no poder dessas acredito muito, hein!?
E pra não dizerem que sou má, acredito no poder do beijo sim, mas não esse que acorda as princesas uma vez ao longo do conto pra nos salvar de um final triste, acredito no beijo de bom dia durante todas as manhãs, no beijo de boa noite antes de dormir, no beijo terno nos momentos de carinho ao longo da tarde e dos beijos famintos das noites de insônia.
Careta, eu? Por acreditar que o amor ainda existe e se sustenta mesmo com a mãozinha eficaz e destrutiva da rotina? Não, simplesmente acredito que caretice é esperar por um amor a primeira vista que me arrebatará para todo sempre. Aliás, que me desculpem os românticos platônicos, mas amor à primeira vista? Ah sim, claro... amor ao corpo malhado ou à bunda bonita da pessoa desconhecida que por esses atributos lhe dará mais condições de, mesmo sendo irritante, sem papo, sem inteligência ou coisas em comum, fazer existir algum motivo pra você se manter ali.
Não sou careta, sou até bem moderninha! Uso celular, telefone, e-mail, msn, facebook e ainda tenho tempo de manter uma relação existente (nada contra aos relacionamentos virtuais, okay? É claro que não há nada de tão ruim e surreal assim em não poder beijar, tocar ou andar de mãos dadas pela rua com quem supostamente namoramos, não é?).
Careta não, acho que não sou. Careta é acreditar em contos de fadas a vida toda, em relacionamentos ideais. É achar que brigas e lágrimas não fazem parte de um relacionamento saudável. Careta é passar boa parte da vida esperando encontrar o par perfeito pra depois fazer do casamento um contrato, que hoje em dia até prazo de validade tem, aonde o que importa é se haverá divisão dos bens ou não. Ah, meus queridos, que caretice, hein!?

Camila Oaquim